Projeto desenvolvido pelo Laboratório oferece soluções para os desafios da agenda 2030, sistematizando pesquisa, extensão, comunicação e inovação
Por Priscila Murr | Agência Escola UFPR
04 de agosto de 2025
A universidade pública contribui com soluções para os desafios mundiais e oportuniza que o conhecimento gerado ultrapasse seus muros, sendo aplicado em diferentes contextos e compartilhado de forma acessível. Para que isso seja efetivo, é importante sistematizar práticas que contemplem as necessidades sociais, e essa é a exatamente a premissa da Agenda 2030, um plano adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU) que estabelece 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para serem alcançados num esforço global.
Alinhado a esses princípios, o Projeto 7 – Integração de Resultados e Inovação Tecnológica – do Termo de Execução Descentralizada (TED), firmado entre o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR), executado pelo Laboratório de Geoprocessamento e Estudos Ambientais (Lageamb), sistematiza a convergência em prol da implementação dos ODS, integrando ações e resultados quanto aos demais projetos do TED-Incra/UFPR.
Segundo o geógrafo e coordenador do Núcleo de Geografia Marinha e Gestão Costeira do Centro de Estudos do Mar (GEOCOST/CEM/UFPR), docente responsável pela proposição sobre o cumprimento dos ODS relacionados ao trabalho que também desenvolve junto à equipe do Lageamb, professor Daniel Hauer Queiroz Telles, a iniciativa não se restringe apenas à prestação de serviços, pois gera soluções, tanto do ponto de vista metodológico quanto de resultados propriamente ditos.
“O P7 extrapola, duplica ou até multiplica a entrega esperada, uma vez que gera indicadores de produção científico-acadêmica: seja de extensão universitária (com certificação extensionista, eventos, atividades de prestação de serviço, programas e projetos); seja com a produção científica na parte de publicação (relatórios, TCCs, dissertações, teses); bem como na parte de inovação tecnológica, uma vez que, boa parte dos produtos, para serem gerados, exigem a criação de fluxos metodológicos de trabalho, os chamados Procedimentos Operacionais Padrão (POPs), que já têm sido catalogados ao longo do programa de extensão tecnológica TED-Incra e acumulado uma série de experiências que comprovam essa extrapolação quanto às expectativas de entrega”.
De forma geral, o P7 foi pensado como uma plataforma de integração de práticas. Com metas que visam desenvolver produtos capazes de organizar registros escritos, fotográficos, técnicos e metodológicos; além de integrar ações realizadas nos diferentes eixos de atuação do TED (Projetos 1 a 6), a partir da sistematização de estratégias e processos relacionados às demandas fundiárias, cadastrais, de governança, próprias da institucionalidade do Incra, o projeto articula ações relacionadas à justiça social, fortalecimento institucional, capacitação técnica, desenvolvimento sustentável no campo e inclusão produtiva de famílias assentadas.
“Ao sistematizar as ações dos demais projetos vinculados ao TED-Incra/UFPR, o Projeto 7 cumpre um papel transversal e estratégico: promove a coesão entre as iniciativas e gera conhecimento aplicado que pode subsidiar decisões públicas e fortalecer as políticas de acesso à terra, produção e cidadania no campo. Além disso, ao articular justiça social, fortalecimento institucional, capacitação técnica e inclusão produtiva, o projeto contribui não só para a qualificação das ações do Incra, mas também para a formação crítica de estudantes e pesquisadores”, declara a Engenheira Florestal, Analista em Reforma e Desenvolvimento Agrário e titular de fiscalização do Projeto 7 no âmbito do Incra Paraná, Eliane Akiko Endo.
Cada meta da ONU oportuniza o trabalho acerca de questões sociais, ambientais e econômicas. A geógrafa e especialista em Gestão Ambiental, que compõe a equipe do P7 no Lageamb, Erica do Nascimento Silva, explica que o projeto atua diretamente na implementação dos ODS que estão mais diretamente associados a entregas, principalmente no que diz respeito à governança, redução das desigualdades e fortalecimento de capacidades locais. E descreve, na prática, a relação entre as entregas do Lageamb e os ODS:
“O projeto promove espaços formativos e desenvolvimento metodológico, articulando ações de pesquisa, extensão e inovação, tais como: a construção coletiva da coletânea final de Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) (ODS 16: Paz, justiça e instituições eficazes); o incentivo à capacitação de servidores e do corpo técnico do TED, com conteúdos voltados à formação continuada e ao fortalecimento institucional (ODS 4: Educação de qualidade); e o apoio à produção (ODS 4: Educação de qualidade) e divulgação científica, fomentando a publicação de artigos, capítulos e produtos técnicos derivados do Programa (ODS 9: Indústria, inovação e infraestrutura e ODS 17: Parcerias e meios de implementação), por exemplo”.
Nessa perspectiva, o professor Daniel Telles dá destaque à oportunidade de execução desse TED dentro do Lageamb, evidenciando a importância dos debates, do compartilhamento de experiências e da construção interdisciplinar viabilizada. “O TED acaba trazendo, a todos aqueles que estão envolvidos – bolsistas, docentes, pesquisadores -, a possibilidade de enxergar, com maior atenção, aos fenômenos que têm a origem no campo. Não é algo que você vai encontrar em muitos outros centros de formação, ou até mesmo em universidades públicas que não estejam com a oportunidade desse diálogo com a realidade por projetos aplicados, de afetar, de interferir, de transformar. Então, o fato de toda a equipe estar envolvida com a realidade contraditória, e fazer parte de mudanças, ainda que pequenas e de longo prazo nessa realidade, certamente já é aquilo que o mundo exige, através dos chamados Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”.
A Agenda 2030 da ONU também é conhecida como “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”. Diz respeito a um plano de ação global, composto por 17 ODS e 169 metas interconectadas. Adotado em 2015 por 193 países membros das Nações Unidas, com previsão para cumprimento até 2030, tem como objetivo principal a promoção do desenvolvimento sustentável a partir da integração das dimensões econômica, social e ambiental, visando um futuro mais justo, próspero e sustentável. Mais do que um plano de ação, a Agenda 2030 é um guia para toda comunidade internacional, firmando o compromisso global de construção de um mundo melhor para todos.
A partir disso, conforme a titular de fiscalização do P7 junto ao Incra Paraná, a contribuição global do Lageamb, por meio de ações em prol dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, é traduzida tanto pela formação crítica dos estudantes quanto pela troca de saberes entre a universidade e o campo. “A redução das desigualdades está no centro do nosso propósito, já que atuamos com populações historicamente marginalizadas, como as famílias assentadas. E tudo isso só é possível graças a parcerias como a que temos com a UFPR. Então, os bolsistas não estão só aprendendo: eles estão construindo, com seu trabalho cotidiano, caminhos reais para um futuro mais justo, inclusivo e sustentável”, diz Eliane.
A Coordenadora do P7, Regiane Ribeiro garante que a atuação deste projeto viabiliza caminhos não só para a divulgação científica, mas de integração e articulação dentro e fora do Lageamb. “Desde janeiro, assumi a coordenação do Projeto 7 e tem sido um processo de intenso aprendizado e fortalecimento do compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O caráter integrador e transversal do projeto é um de seus grandes diferenciais, promovendo articulação entre ações de pesquisa, ensino e extensão. Além disso, a ênfase na visibilidade e na transparência das ações do TED-Incra consolida esse espaço como uma plataforma estratégica de divulgação científica e de popularização do conhecimento, abrangendo metodologias, produções científicas, práticas extensionistas e dinâmicas de trabalho. Sinto-me orgulhosa em ocupar esse lugar estratégico, ao lado de uma equipe altamente competente no Incra e no Lageamb”, finaliza.
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