Pesquisador de universidade chilena visita o Lageamb e fortalece cooperação internacional

Parceria com a Rede Ibero-Americana de Observação Territorial e visita do professor Jaime Rebolledo evidenciam a presença do laboratório em atividades internacionais 

Por Cecilia Sizanoski

A internacionalização tem ganhado força no Laboratório de Geoprocessamento e Estudos Ambientais (Lageamb) por meio da participação em redes de pesquisa, publicações em revistas estrangeiras e intercâmbios acadêmicos. A filiação à Rede Ibero-Americana de Observação Territorial (RIDOT) é uma das ações que consolidam essa atuação. É também através dessa parceria que foi organizada a visita ao Lageamb do professor Jaime Rebolledo, da Universidad del Bio-Bio, no Chile, entre os meses de março e maio deste ano. 

Durante a estadia no Brasil, Rebolledo participou de atividades de campo e realizou reuniões com alunos da pós-graduação, que contribuíram para sua pesquisa: “Fizemos uma análise comparativa entre Brasil e Chile sobre os processos de resiliência entre moradores e grupos expostos a riscos nas áreas costeiras”. “São questões altamente sensíveis, nas quais claramente temos diferenças significativas quanto a prioridades e recursos”, conta Rebolledo. Sobre temática semelhante foi a palestra que ministrou no Centro de Estudos do Mar (CEM/UFPR), em Pontal do Sul, Litoral do Paraná. Na ocasião, o tópico principal foi o histórico de terremotos no Chile e as formas de adaptação e mitigação em regiões costeiras. 

"O intercâmbio de pesquisadores é uma grande oportunidade para criar parcerias e enriquecer áreas e métodologias de pesquisa", afirma o professor Jaime Rebolledo. // Foto: Cecilia Sizanoski

A integrante da Equipe Técnica Transversal de Internacionalização do Lageamb, Fernanda Sezerino, defende que a vinda de pesquisadores de outros países ao laboratório contribui para a troca de experiências e culturas: Conhecer a estrutura de outros grupos de pesquisa, o desenho de políticas públicas e os resultados dos projetos em outros países nos auxilia a pensar novos caminhos para as nossas ações e até estimula as inovações”. Rebolledo também defende que estes intercâmbios são importantes “para que nossas diferenças culturais e metodológicas possam ser uma contribuição e não um obstáculo ao desenvolvimento de nossos países”.

Atuação com a RIDOT

A vinda do professor Jaime Rebolledo é resultado da filiação do laboratório à Rede Iberoamericana de Observação Territorial (RIDOT), uma rede internacional de pesquisadores da América Latina e Península Ibérica com interesse em temáticas relacionadas a metodologias, teorias e conceitos da Ordenação do Território. Coordenador do nó chileno da rede, Rebolledo avalia que o intercâmbio de pesquisadores fortalece as pesquisas, bem como as metodologias e permite que as equipes desenvolvam projetos internacionais: Podemos contribuir para áreas que são transversais ao redor do mundo, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e as mudanças climáticas, que ganham destaque nas pesquisas sobre planejamento e observação territorial na RIDOT. 

A filiação à RIDOT marcou o início da internacionalização no Lageamb de forma mais estruturada. “A entrada na rede oportunizou todas as demais ações e possibilitou a ampliação do alcance da divulgação dos projetos e pesquisas do Lageamb”, avalia Fernanda Sezerino. Ela aponta que a parceria ampliou ainda o contato do laboratório com outras universidades brasileiras, que se interessaram pela rede e se aproximaram, como a Universidade Estadual Paulista (UNESP), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

“Conhecer a estrutura de outros grupos de pesquisa, o desenho de políticas públicas e os resultados dos projetos em outros países nos auxilia a pensar novos caminhos para as nossas ações e até estimula as inovações”
Jaime Rebolledo
Coordenador do nó chileno da RIDOT

A primeira grande agenda internacional do laboratório ocorreu em março de 2023, com a organização da primeira edição do Workshop da RIDOT no Brasil. “Durante a organização, estabelecemos parcerias com diversos editores de revistas internacionais, publicando os trabalhos submetidos no evento e discutindo as possibilidades de publicações do Lageamb”, explica Sezerino. Rebolledo defende que o futuro da rede deve contar com projetos maiores e de caráter internacional que abordem temáticas gerais dos territórios. “Muitos problemas são comuns a vários lugares: desmatamento, desertificação, erosão, seca, riscos de diversas origens e efeitos, inundações, problemas sociais, problemas fundiários e tantos outros. A RIDOT deve estar presente em tudo isso, e não tenho dúvidas de que estará”, explica.

Quais são os próximos passos?

O plano é seguir expandindo cada vez mais as relações exteriores do Lageamb. De acordo com Sezerino, no ano de 2024, foram realizadas pesquisas e conversas com a com a Agência UFPR Internacional sobre quais indicadores que são monitorados e como ocorre a formalização das atividades. Além disso, a equipe estudou quais são as políticas de outras instituições para ações semelhantes. Em 2025, a internacionalização ganhou destaque ao se tornar uma equipe transversal no Lageamb. No momento, estamos debatendo as diretrizes e estratégias do laboratório e construindo um documento que servirá como referência para as próximas ações”, explica a pesquisadora. 

Já a relação com a RIDOT segue aquecida ao longo do ano todo de 2025, a começar pelo próximo workshop da instituição, que acontece entre os dias 18 e 20 de junho na Universidade del Azuay, no Equador. No evento, estarão presentes integrantes do Lageamb, assim como Jaime Rebolledo: “Este Workshop nos permitirá delinear os passos seguintes como organização”, avalia o professor. 

Para os meses de outubro e novembro, dois profissionais do Lageamb irão ao Chile trabalhar com a equipe de Rebolledo na Universidad del Bío-Bío (UBB) e na Universidad de Concepción (UDEC). Através da cooperação, serão construídas duas pesquisas para apresentação nos eventos XLV Congresso Nacional e XXX Congresso Internacional de Geografia, da Sociedade Chilena de Ciências Geográficas. No mesmo congresso, os pesquisadores planejam apresentar uma mesa-redonda sobre planejamento territorial comparado entre Brasil, Argentina e Chile. Durante a estadia no país, os dois intercambistas do Lageamb também participarão de trabalhos de campo com as universidades chilenas.  

De acordo com o professor Jaime Rebolledo, se espera ainda que, depois disso, ocorram mais estágios e intercâmbios entre integrantes das duas equipes para trabalhos conjuntos. 

A temática do simpósio deste ano é 'Territorios: Transformaciones, resiliencia, descentralización y seguridad para el cuidado de la vida' / Foto: divulgação
A temática do simpósio deste ano é 'Territorios: Transformaciones, resiliencia, descentralización y seguridad para el cuidado de la vida' / Foto: divulgação

O que você leva da sua experiência no Brasil?

Quando questionado sobre o que considerou mais marcante da experiência no Brasil, Jaime Rebolledo respondeu: “O trabalho coordenado e eficiente das equipes, a forte liderança e a autonomia dos pesquisadores com suas atividades. Somado à dedicação, isso se converte nos vários resultados exitosos dos projetos”. A relação entre os integrantes do laboratório foi o destaque para o professor, que elogiou ainda a “cultura, estilos de liderança e relações humanas, abertura ao diálogo, respeito e capacidade de escutar, e se envolver em discussões propositivas em vez de destrutivas”. 

Para ele, o maior ganho profissional que obteve com a estadia foi a descoberta de coisas que podem ser implementadas no Chile a médio prazo, como os vínculos do laboratório com entidades governamentais, o modelo de trabalho em equipe e a forma de liderança do laboratório.

pt Portuguese
X