O Protagonismo em Processos de Planejamento e a Gestão Ambiental como modelo participativo e interdisciplinar

Reunindo mais de dez áreas do conhecimento, Lageamb promove o desenvolvimento pessoal e profissional de cerca de 200 colaboradores  

Por Priscila Murr | Agência Escola UFPR
21 de julho de 2025

Enquanto indivíduo, o ser humano se constitui e se desenvolve a partir das relações sociais e da interação com o outro. Já como grupo, sobretudo no que diz respeito ao universo profissional, isso se reflete de forma a promover aquilo que chamamos “interdisciplinaridade”. Porque são diversas as pessoas que compõem os ambientes de trabalho e, integrando diferentes áreas do conhecimento, promovemos uma compreensão mais profunda e abrangente da realidade, seja no âmbito acadêmico ou no contexto de desenvolvimento científico.  

A partir dessa abordagem, estimula-se o tripé ensino, pesquisa e extensão dentro da universidade, pela integração quanto às áreas do conhecimento, pelo estímulo à pesquisa e pela oportunidade de maior autonomia e pensamento crítico para os estudantes, o que possibilita a resolução de problemas de forma conjunta e, portanto, mais eficaz. No Laboratório de Geoprocessamento e Estudos Ambientais (Lageamb), por exemplo, a formação dos colaboradores atuantes varia, congregando cerca de dez áreas do conhecimento, mais de 30 cursos diferentes e quase 200 pessoas. 

Tipo de vínculo dos colaboradores Lageamb / Arte: Ana Dureck

Segundo a coordenadora de Gestão de Pessoas do Laboratório, Larissa Teixeira Soares de Lima, isso representa muitos ganhos: “ter essa variedade de formações enriquece o ambiente de trabalho, pois, a partir dessas diversas expertises, temos uma visão de soluções que se fortalece justamente pela interdisciplinaridade”. Nesse sentido, vale ressaltar que a ‘interdisciplinaridade’ diz respeito não só à interação entre as pessoas, mas também ao processo de colaboração entre diferentes áreas a fim de construir conhecimento de forma ampla e contextualizada. 

Coordenadora de Gestão de Pessoas do Laboratório, Larissa Soares de Lima / Foto: Acervo Lageamb/UFPR

É fundamental ter pessoas de diferentes áreas trabalhando em um mesmo espaço, ainda mais sabendo que a atuação do Lageamb exige uma análise ampla, sensível e atenta aos detalhes. Em muitos casos, temos a união de diversas experiências que os docentes e discentes possuem, o que traz não só agilidade na execução das tarefas, mas também um crescimento conjunto. Ter um espaço com essa diversidade de áreas trabalhando de forma integrada, estabelece um princípio de pesquisa interdisciplinar, mostrando as diversas possibilidades que temos”, conta a geógrafa e analista socioambiental do Lageamb, Heloísa Maldonado. 

Na visão da analista, essa dinâmica, característica do Laboratório, é um ponto positivo, pois estabelece o que ela chama de ‘teia’. “Toda atuação acaba tendo um efeito no trabalho alheio. Por exemplo, as equipes que trabalham no litoral trocam informações, contribuem com metodologias, planejamentos e até auxiliam em logística”, exemplifica. E essa ideia vai ao encontro da perspectiva da arquiteta e urbanista mestra em planejamento urbano, Lanna Mara Ribeiro de Souza, que aponta a intersecção entre sua área de formação e seu trabalho efetivo no projeto. 

Geógrafa e analista socioambiental do Lageamb, Heloísa Maldonado / Foto: Acervo Lageamb/UFPR

É fundamental ter pessoas de diferentes áreas trabalhando em um mesmo espaço, ainda mais sabendo que a atuação do Lageamb exige uma análise ampla, sensível e atenta aos detalhes. Em muitos casos, temos a união de diversas experiências que os docentes e discentes possuem, o que traz não só agilidade na execução das tarefas, mas também um crescimento conjunto. Ter um espaço com essa diversidade de áreas trabalhando de forma integrada, estabelece um princípio de pesquisa interdisciplinar, mostrando as diversas possibilidades que temos”, conta a geógrafa e analista socioambiental do Lageamb, Heloísa Maldonado. 

Na visão da analista, essa dinâmica, característica do Laboratório, é um ponto positivo, pois estabelece o que ela chama de ‘teia’. “Toda atuação acaba tendo um efeito no trabalho alheio. Por exemplo, as equipes que trabalham no litoral trocam informações, contribuem com metodologias, planejamentos e até auxiliam em logística”, exemplifica. 

E essa ideia vai ao encontro da perspectiva da arquiteta e urbanista mestra em planejamento urbano, Lanna Mara Ribeiro de Souza, que aponta a intersecção entre sua área de formação e seu trabalho efetivo no projeto. Minha atuação no Lageamb se integra de forma a dar materialidade ao trabalho das demais pessoas da equipe, especialmente colegas da Geografia, que têm como foco a compreensão do território, sua formação, ocupação e transformações, áreas de atuação tanto de Arquitetura e Urbanismo quanto de Planejamento Urbano. Nesse sentido, minha contribuição como urbanista está em transformar esses diagnósticos em ação, seja na forma de um plano, de uma lei ou de um projeto”, explica. 

Arquiteta e urbanista mestra em planejamento urbano, Lanna Mara Ribeiro de Souza / Foto: Acervo Lageamb/UFPR

Em paralelo ao conceito de ‘clima organizacional’, comumente utilizado para descrever a atmosfera psicológica percebida no âmbito profissional, a coordenadora de Gestão de Pessoas fala em “experiência Lageamb”, explicando que, para além dos processos de excelência no desenvolvimento das atividades diárias, há um cuidado especial com o ser humano em si. E é justamente sobre isso que fala a estudante de graduação do terceiro período de Psicologia, que também atua na Gestão de Pessoas, Agatha Lima de Faria. 

Estudante de graduação de psicologia que atua na Gestão de Pessoas, Agatha Lima de Faria / Foto: Acervo Lageamb/UFPR

Eu aprendo muito todos os dias. No laboratório, tenho a oportunidade de colocar a teoria da sala de aula em prática. E isso é muito enriquecedor para a minha formação em psicologia, pois, mesmo estando numa função administrativa, trabalho diretamente com pessoas, e com muita gente diferente. Esse contato direto e real me ajuda não só a entender aspectos teóricos e práticos, mas também me desenvolver enquanto pessoa”, relata. 

A construção científica enquanto processo participativo

Para a arquiteta e urbanista, Lanna, além de congregar indivíduos de diferentes formações e níveis, a abordagem interdisciplinar também permite ampliar a visão, extrapolando aquela ótica específica para análise dos desafios que se apresentem no dia a dia. “Além disso, a construção científica precisa ser cada vez mais compreendida como um processo participativo. Isso porque além da visão técnica, essas pessoas trazem também suas experiências de vida, suas referências, e isso só tende a tornar o processo mais construtivo. O que não quer dizer que esse processo seja fácil, pelo contrário, há discordâncias. Daí o importante é compreender que, como próprio de processos participativos, o objetivo não é chegar a um consenso, mas a uma pactuação, mediada pelo alinhamento de visão, objetivos e, principalmente, ética profissional”, completa.

Interdisciplinaridade na formação dos colaboradores Lageamb / Arte: Ana Dureck

A variedade de áreas do conhecimento, programas de pós-graduação e setores envolvidos com o laboratório reflete essa multiplicidade, gerando, além disso, possibilidades de relacionamento com outras instituições de ensino. Reunindo bolsistas de graduação, pós-graduação, docentes, servidores técnico-administrativos e, inclusive, empreendedores individuais, o laboratório oportuniza uma formação mais abrangente, estruturando além do ensino, pesquisa e extensão, com foco em inovação.

Como exemplo, temos o caso da relação de interinstitucionalidade entre a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), no âmbito do Projeto Gestão Documental (GD), desenvolvido pelo Lageamb. Segundo o atual coordenador técnico da GD, doutor em Ciência da Informação, Andre Vieira de Freitas Araujo, para que a parceria entre o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a UFPR pudesse ser efetivada, houve a necessidade de estabelecer um vínculo com a universidade local. “Os documentos com os quais trabalhamos estão localizados em Cascavel (PR), e, como não há um campus da UFPR lá, estabelecemos uma parceria com a UNIOESTE. Então, além da professora que trabalha com a gente, também oportunizamos que estudantes de lá participem do projeto”. 

Coordenador técnico da Gestão Documental, Andre Vieira de Freitas Araujo / Foto: Acervo Lageamb/UFPR

Essa articulação entre teoria e prática amplia o repertório geral dos colaboradores, ajuda no processo de amadurecimento profissional e, além de tudo, cria um espaço de acolhimento pessoal, onde os indivíduos se relacionam por meio de escuta e cooperação mútuas. Os resultados dessa iniciativa se convertem em benefícios reais para a sociedade, com profissionais mais qualificados e melhor preparados para o mercado de trabalho. No contexto acadêmico propriamente dito, a situação não é diferente: com essa abordagem, promove-se uma cultura científica baseada justamente em ensino, pesquisa e extensão, integrando diferentes perspectivas, valorizando a diversidade de conhecimentos e experiências e contribuindo para uma ciência mais inclusiva e plural.

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